Procuro uma vida que nunca tive

Procuro uma alma disposta, a conjugar meus temores expostos. Procuro uma alma em estado de prontidão, que para o amor, esteja sempre à disposição. Procuro uma alma disposta a acolher um coração perdido, que clama por poucas respostas, e poucos centavos de abrigo. Procuro um corpo disposto a dividir carícias intermináveis e, a se perder no entrelaçar das pernas – indistinguíveis e inseparáveis. Procuro um corpo disposto a abraçar quando acordar e, a não largar – quando for dormir. Procuro um corpo sincero, que não prenda o choro no peito, muito menos o sorriso no rosto. Procuro um corpo que afaste todo e qualquer perigo, que seja cama, busque e ofereça abrigo.

Procuro um sorriso aberto e confortador, que transmita a esperança mais vívida – do mais vívido esplendor. Procuro um colo quente e um aperto consciente, que seja um tanto macio, um tanto doce e um tanto carente – como o meu. Procuro alguém que me solte quando for preciso e que me prenda – quando for necessário. Procuro alguém que queira passar o dia inteiro ouvindo, dançando e cantando Beatles, cozinhando e comendo com festa, sujando e lavando com graça. Procuro alguém que saiba entender quando quando estiver faltando, dizer quando estiver sentindo, e sentir – quando estiver sobrando. Procuro alguém que queira ter – comigo -, tudo o que de mais bonito pode haver. Procuro alguém que peça e por alguém que dê, por alguém que chame, discuta e reclame. Procuro alguém que viva a verdade e, que – ocasionalmente – queira que todo o resto se dane.

Procuro um amor concreto, para ser o meu predileto. Procuro um amor maduro, que afaste o meu medo do escuro. Procuro um amor ligeiro, que seja tudo – menos passageiro. Procuro um amor pelado, que use o calor do corpo – ao invés das roupas – quando o clima estiver gelado. Procuro um amor que embriague, tonteie e me coloque no chão; mas que depois me levante depressa – estendendo imediatamente a mão. Procuro um amor esperto, que se permita desaparecer, mas que saiba retornar e querer estar perto. Procuro um amor imperfeito, em cada uma das tuas limitações, e procuro amar diariamente – cada uma das tuas mais sinceras imperfeições.

Procuro uma vida bela, verdadeira e apaixonada. Procuro uma vida explosiva durante o dia, e calma – durante a madrugada. Procuro uma vida que abrace, como se nunca tivesse sido abraçada, e por uma vida que ame – como se pela última vez pudesse ser amada. Procuro uma vida intensa, corrida e desequilibrada, para que o tédio nunca me encontre, e que a vontade seja sempre alimentada. Procuro uma vida que nunca tive, mas que sempre sonhei em viver. Procuro vida repleta, de todo o sentimento que se pode ter. Procuro uma vida que escolha o meu peito para dormir, e o meu beijo para acordar. Procuro uma vida que não tenha medo de sorrir, nem tampouco de chorar. Procuro uma vida que se possibilite conhecer, e se permita – novamente – desvendar. Procuro uma vida para amar intensa e diariamente, com toda a certeza que há – e toda a vontade de estar – do lado de quem se pode amar, verdadeiramente.

Imagem de capa: Profotosession, Shutterstock



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Fellipo Rocha é poeterapeuta, músico e idealizador da página Corpoesia. Além disso, escreve pelos sorrisos que perde, todas as vezes em que não sai de casa.

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