As pessoas complicadas e a arte de dificultar o que é simples

Imagem de capa: pathdoc, Shutterstock

Existem pessoas assim, complicadas e exigentes, que têm um problema para cada solução, uma contradição para cada evidência e uma tormenta para cada instante de calma. São petulantes e ladrões de paz interior, personalidades complexas que adoram as discussões, que esgotam, debilitam e que temos que aprender a gerir para preservar a nossa integridade mental e emocional.

Muitos adoraríamos poder levar esse tipo de perfil para a nossa pasta de “spam”, a uma dimensão paralela onde a nossa realidade mais próxima permaneça a salvo e intacta. No entanto, se há algo que todos sabemos é que seja na nossa família, no nosso ambiente de trabalho ou até mesmo no nosso grupo de amigos, nunca falta esse tipo de pessoas complexas com as quais somos (quase) obrigados a conviver.

Confúcio dizia em seus textos que existem pessoas que parecem encontrar algum tipo de recompensa ao apontar falhas nos outros. Isso pode chegar a ser muito incapacitante se aquele que exerce essa prática é o nosso parceiro, um pai ou uma mãe com seus filhos. A personalidade “complicada”, entendida como aquela que mostra comportamentos irregulares, desiguais, narcisistas, manipuladores e às vezes até agressivos psicologicamente, contém por trás certas nuances que é necessário conhecer em profundidade.

A arte de dificultar o simples esconde um labirinto de problemas emocionais que será muito útil descobrir.

As pessoas complicadas, ou a habilidade de ver o mundo pelo ponto de vista negativo

Todos somos complicados à nossa maneira. Cada um de nós dispõe de temas alojados na mente e no coração, onde os medos se misturam com inseguranças, e as frustrações com ansiedades. No entanto, a principal diferença desses outros perfis que habitam o lado mais extremo da complexidade é a incapacidade para estabelecer relações sociais e afetivas funcionais, respeitosas e estáveis.

A característica mais evidente dessas pessoas é que apresentam uma clara instabilidade emocional. Algo assim já nos avisa sem dúvida de uma série de problemas subjacentes que explicam essa rigidez, essa inflexibilidade e inclinação constante por buscar a falha dos outros, por deixar em evidência, por facilitar o que é difícil e criar raízes no subsolo da negatividade.

As pessoas complicadas, e é importante levar isso em conta, podem sofrer de alguma distimia (um transtorno afetivo de caráter depressivo crônico) ou até mesmo algum tipo de transtorno da personalidade que sem dúvida dificulta esse envolvimento cotidiano e significativo com as pessoas que fazem parte do seu entorno mais próximo.

Outras vezes, e Daniel Goleman fala sobre isso em seu livro “Inteligência Emocional”, quando passamos por situações de estresse elevado e contínuo ao longo do tempo, deixamos de pensar com clareza, não somos capazes de ver as prioridades e temos uma “tendência natural” para ver as coisas muito mais complicadas do que elas são na realidade.

Com tudo isso, queremos dizer algo tão simples como evidente: as pessoas difíceis e complicadas, essas com quem às vezes custa tanto conviver, podem esconder algum tipo de problema subjacente que explique esse padrão de comportamento. Às vezes, são homens ou mulheres que precisam de ajuda.

Por outro lado, nós mesmos também podemos, em um dado momento, viver com essa nuvem escura sobre a cabeça, onde a vida é extremamente complicada, como um quebra-cabeça em que faltam peças, como um jogo impossível de resolver.

Táticas inteligentes para lidar com as pessoas complicadas

Com base no que afirmamos anteriormente, já sabemos que em primeiro lugar é recomendável ser sensível a estes comportamentos e entender que as pessoas complicadas podem estar passando por um momento pessoal delicado. No entanto, e por outro lado, também pode ser que elas tenham tornado crônicas suas manias, suas artimanhas narcisistas e o desejo encoberto por dificultar a vida dos outros.

“A verdade é sempre simples, mas geralmente chegamos até ela pelo caminho mais complicado.”
-George Sand-

Se é este o caso, se perto de nós existe alguém com essas mesmas características, a primeira coisa que temos que saber é o seguinte: não podemos mudar sua forma de ser, mas sim o modo como interagimos com eles/as para que seus atos nos afetem menos. Vamos explicar como fazer isso.

5 chaves para manter o controle com os perfis complicados

A recomendação mais evidente é a seguinte: estabelecer distância. Mas não nos referimos apenas à “distância física” – que, como já sabemos, nem sempre é possível –, nos referimos à necessidade de estabelecer barreiras psicológicas e emocionais. Um desafio complexo que podemos conseguir com estas chaves:

-Devemos nos comunicar sempre com assertividade.
– Deixe claro a forma como você se sente sempre que a pessoa complicada fizer ou disser algo que te afeta, te machuca ou te incomoda. É preciso colocar sobre a mesa quais são os efeitos de suas ações.
– Você tem que detalhar o que é que você não pode fazer, o que não deve se repetir.
– Por sua vez, é recomendável oferecer à pessoa alternativas para suas ações para que ela as considere (da próxima vez seria bom se você não se fixasse só nos meus erros, seria melhor se você sugerisse soluções ou propostas em vez de críticas. Sei que você pode fazer isso e eu confio nisso).
– Por último, também é muito bom manter sempre a calma e entender que perder os nervos fará com que a situação se torne mais tensa. O ideal é construir uma barreira de distância, um espaço de segurança.

Para concluir, existem pessoas com uma tendência natural de complicar a vida dela e a dos outros. Primeiro temos que ser capazes de entender seus pontos de vista e de intuir se por trás delas existe algum tipo de problema que precisa da nossa ajuda. Se não for o caso, não resta outra opção senão abrir nosso guarda-chuva emocional para nos protegermos das suas tempestades emocionais.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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