Envelhecer é um prêmio que cabe só para quem ousou viver demais.

Imagem de capa: Monkey Business Images, Shutterstock

Crianças bem pequenas costumam sentir-se atraídas por pessoas idosas; parece haver uma conexão entre os extremos da vida. Curioso paradoxo: quando atingimos idades bem avançadas ficamos muito parecidos com a nossa primeira versão; voltamos a ser criaturas frágeis, inseguras; e, muitas vezes, voltamos a necessitar de tantos cuidados quanto necessitávamos quando éramos bebês.

Apesar de não nos darmos conta disso, assim que nascemos começamos a envelhecer. Isso nem chega a ser um fenômeno, faz parte do script de nossa rápida participação na história do planeta Terra. É assim com todo mundo: tanto faz a cor da sua pele; seu poder aquisitivo; sua capacidade intelectual; sua aparência… O tempo vai exercer seu poder sobre o seu corpo que é tão perecível e suscetível às intempéries da vida, quanto uma flor que brota maravilhosa numa explosão de vida, mas não escapa de ver suas pétalas murcharem e caírem. É a lei da vida!

Outra questão extremamente curiosa é o fato de sermos os filhotes mais dependentes entre as inúmeras espécies de seres vivos que vivem por aqui. Absolutamente indefesos, ficamos submetidos aos cuidados daqueles que se dispuseram a nos trazer ao mundo. Precisamos do outro para sermos alimentados, protegidos e limpos.

E, por mais que esse nosso planeta tenha evoluído e conquistado os mais sofisticados avanços tecnológicos, os bebês humanos apresentam um rudimentar sistema de comunicação. O choro é nossa única forma mais eficiente de mostrar aos adultos que estamos aborrecidos ou com fome; sentindo-nos solitários ou sujos; passando calor ou frio; padecendo de sede física ou afetiva. Somos extremamente incompreendidos por muito tempo, até que possamos nos expressar com clareza sobre o que queremos, pensamos e sentimos.

E, pensando bem, continuamos a padecer de “ruídos na comunicação” ao longo de toda nossa vida. Mesmo quando já somos capazes de juntar letras, palavras e ideias (das mais simples às mais complexas), o que expressamos pode ser interpretado de infinitas formas pelo outro. Nem sempre o que dizemos é exatamente o que o outro dá conta de entender. Mesmo assim, o fato de aprendermos a dominar o código de comunicação facilita um bocado a nossa vida, se comparado à aflitiva situação de um recém-nascido.

Além disso, não inventaram ainda método mais eficiente de aprendizagem do que a experiência. Uma coisa é você observar os avanços motores de uma criança desde que faz movimentos aleatórios de tronco, pescoço e membros, até que consegue rolar, arrastar-se, engatinhar, permanecer em pé sobre as inseguras perninhas e, finalmente arriscar-se nos primeiros passos. Outra coisa é passar por tudo isso. O que vemos “de fora& #8221; é uma ínfima parte do que essas aparentemente simples conquistas representam para um bebê humano. Todo esse processo requer um conjunto complexo de desenvolvimento motor, ósseo, muscular, intelectual, neurológico e emocional; aprender a andar é uma das nossas inúmeras odisseias nesse mundo; é assim no começo e será assim no final, quando nossas pernas voltarem a ter dificuldades para nos sustentar.

Cada um de nós não passa de mero expectador das batalhas uns dos outros; quer sejam elas assumidas ao longo de toda uma existência de forma intencional; quer sejam infringidas de forma inevitável. Por mais que tentemos compreender, aceitar ou acolher as experiências bem ou malsucedidas de nossos semelhantes, a nossa interpretação será sempre inadequada e rasa. A dor do outro não pode ser sentida por nós, pode apenas ser imaginada. As conquistas do outro não podem causar em nossas rudimentares maneiras de sentir, a ebulição emocional vivida por nossos irmãos. Somos tão impermeáveis quanto infantis nessa capacidade de tocar as graças e desgraças alheias. Criaturinhas encapsuladas, desesperadas por nos proteger do perigo de falhar ou de compreender as falhas alheias.

Vivemos atropelando os dias; desperdiçando nosso tempo com preocupações tolas e vazias. Deitamos nossas cabeças em travesseiros mais ou menos macios; repousamos nosso corpo físico onde nos for possível, às vezes é uma cama luxuosa que nos recebe; outras vezes é o chão da rua. Em qualquer dos casos, a maioria de nós não é capaz de refletir sobre o que fez, pensou ou disse ao longo de cada precioso dia. E, pela manhã, repetiremos o mesmo estranho ritual de viver como se não pudéssemos responder por nossas próprias escolhas.

Assim é que, sem que nos demos conta, o organismo que chegou a esse mundo tão frágil e dependente, vai sofrendo incontáveis metamorfoses. Cada célula do nosso corpo sofre alterações irreversíveis, que tanto nos conduzem a conquistas de evolução, quanto nos fazem adoecer e fragilizar nossa capacidade de pensar e agir.

A menos que nos aconteça de morrermos jovens, é com a nossa versão mais frágil que teremos um encontro marcado e intransferível para o fim da jornada. Tomara que sejamos capazes de aproveitar a viagem. Tomara que ao nos despedirmos a vida na Terra possamos nos orgulhar das escolhas feitas. Tomara que antes de fecharmos os olhos pela última vez, possamos ter ao alcance de nossas mãos alguém a quem amemos e que nos ame para um último abraço. Porque a nossa despedida é inevitável, mas a maneira de deixarmos essa vida será constituída por todas as grandes e pequenas escolhas que fizemos ou que nos abstivemos de fazer.



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"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

1 COMENTÁRIO

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