Não conseguiremos nos curar machucando os outros

Imagem de capa: Vladyslav Spivak, Shutterstock

“É simples: ninguém pode sair do que dói fazendo com que alguém também sinta dor. O que nos afastará da ausência de luz será tudo o que traga luz, serão todos que confortam e acomodam os nossos medos com afeto sincero e recíproco.”

Todos temos nossos fantasmas, nossas lutas diárias, todos necessitamos enfrentar a nós mesmos, afogando o nosso pior lado, para que o bem vença dentro de nós. Diariamente, sem trégua. Viver é lutar pelo que se quer, pelo que não se quer, por quem amamos, por quem nos ama de volta. Infelizmente, nem sempre a vida dá certo, nem sempre a gente ganha, nem sempre o sorriso encontra morada em nós.

E então ocorrem os momentos de dor, de revolta, de culpa, de querer ficar sozinho, de querer morrer, sumir, desaparecer. Machucados por dentro, sem forças e sem motivos para acreditar em nada e em ninguém, acabamos externando nosso descontentamento aqui fora, na forma de agressividade, raiva, violência no falar, no agir, no não mais se importar.

E é exatamente nessas ocasiões que cometeremos injustiças, que escolheremos o erro, que seremos maldosos, frios e indiferentes justamente com as pessoas ao nosso redor que sempre acreditaram em tudo o que somos e podemos. Falamos o que não deveríamos, fazemos o que não poderíamos, agredimos quem desconhece qualquer motivo para agirmos assim. Afastamos de nós quem deveria ficar junto.

Infelizmente, nem todo mundo perdoa, nem todos entendem, poucos conseguirão perceber que ali, naquele momento, não era o nosso verdadeiro eu que estava agindo, mas um eu machucado e ferido. Com isso, cada vez mais estaremos sujeitos a ter de enfrentar sozinhos as escuridões perigosas que, inevitavelmente, vez ou outra adentram em nosso caminhar, porque tratamos mal aqueles que poderiam nos resgatar das nossas quedas.

É simples: ninguém pode sair do que dói fazendo com que alguém também sinta dor. O que nos afastará da ausência de luz será tudo o que traga luz, serão todos que confortam e acomodam os nossos medos com afeto sincero e recíproco. Ninguém sai do buraco cavando mais fundo, ou seja, deve-se olhar para cima, buscando aproximação junto à serenidade curativa do amor sincero que sempre estará nos rodeando.

Cultivar as pessoas que nos amam é o que nos salvará de nossas próprias misérias, sempre que escorregarmos nos escombros das tempestades recorrentes de nossas vidas.



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"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

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