Às vezes é melhor respirar fundo e permanecer calado

Imagem de capa: Tiko Aramyan, Shutterstock

Dizem que o silêncio é a arte que alimenta a sabedoria, por isso em certas ocasiões não temos outra escolha para responder corretamente ou para não continuar com conversas ou discussões que não valem a pena. Respirar fundo e ficar calado, por vezes, é a melhor escolha que podemos fazer.

É curioso como aqueles que trabalham por muitos anos com a psicoterapia veem no silêncio do paciente um avanço considerável no seu processo de cura. Para muitos, pode parecer um pouco contraditório, já que a terapia é construída através de um intercâmbio por meio da palavra. O meio para a cura é o diálogo que atua como uma energia que confronta, que investiga, desperta e reconstrói.

“O silêncio é um amigo que nunca trai”.
– Confucio –

No entanto, esse silêncio repentino, quando a pessoa fica em silêncio por um momento e respira fundo, muitas vezes marca um momento crucial. É quando ela toma plena consciência das suas emoções, quando percebe algo que até agora não tinha notado. É também quando a pessoa está mais focada do que nunca para harmonizar os pensamentos e as emoções; o passado fica de lado para se concentrar exclusivamente no momento presente.

O silêncio às vezes age como um “despertar de consciência”, e isso é algo excepcional. Não só nos ajuda a gerenciar melhor as conversas ou situações específicas, mas também é um canal para nos conectarmos com nós mesmos, para deixarmos por um momento “de fazer” e, simplesmente “ser”.

Estamos diante de um assunto com muitas nuances interessantes e aspectos curiosos que podem ser uma grande ajuda para o nosso dia a dia. Nós convidamos você a mergulhar em muitos aspectos do silêncio e da arte de permanecer calado.

O ruído mental que nos envolve e nos devora

Vivemos em uma cultura do ruído. Não estamos nos referindo precisamente à pressão do som ambiental, do zumbido persistente do trânsito, do barulho permanente das fábricas ou do eco das grandes cidades que nunca dormem. Falamos sobre o ruído mental, o barulho das emoções conflitantes. Uma cacofonia mental que não nos deixa ouvir quem está na nossa frente e, muitas vezes, nos impede de ouvirmos a nós mesmos.

Somos influenciados por um tipo de comunicação onde a voz entusiasmada, que grita e não faz pausas, é aquela que vence. Vemos isso em nossos políticos, vemos em muitas das nossas reuniões de trabalho. Aquele que fica em silêncio é rotulado como alguém indeciso e sem carisma. Na verdade, o ensaísta e jornalista George Michelsen Foy fez uma pesquisa para demonstrar que na cultura ocidental a pessoa que fica em silêncio antes de responder é vista com desconfiança ou com suspeita.

As conversas são muitas vezes articuladas através de frases e palavras que não passam por um filtro mental ou emocional adequado. Esquecemos que gerir a linguagem e a palavra também é a arte da inteligência, onde o silêncio é muitas vezes um passo necessário.

Vamos parar por um momento para nos encontrarmos. É necessário parar para ver e sentir o outro. Entenda que não há nada de errado em tomar ar e permanecer em silêncio por um momento no meio de uma conversa. Talvez o que vamos dizer depois dessa pausa seja a solução para o problema ou a chave para restaurar o nosso relacionamento.

Ficar calado pode ser uma punição

George Bernard Shaw dizia que “o silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo”. Portanto, devemos ser muito cuidadosos na forma como expressamos o nosso silêncio, como o aplicamos em função do contexto e das pessoas que o recebem. Até agora, temos claro que o uso do silêncio é uma ferramenta perfeita para gerir emoções, para se concentrar no aqui e agora e para emitir uma resposta ou tipo de ação com mais precisão.

“Aquele que não sabe ficar em silêncio não sabe falar”.
– Ausonio –

O empresário, pesquisador e conferencista Luis Castellanos nos fala sobre este tema no seu livro “A ciência da linguagem positiva”. O silêncio é uma pausa para nós mesmos. Permanecer em silêncio é necessário, por exemplo, quando voltamos do trabalho e estamos prestes a entrar em casa. Algo tão simples como a respiração profunda e permanecer em silêncio por alguns segundos pode afastar a pressão e a ansiedade desse outro contexto que não devemos levar para casa.

Agora, algo que seria bom considerar é que o silêncio pode muitas vezes agir como um limitador da qualidade das nossas relações pessoais. As palavras educam, as palavras curam e nos ajudam a construir pontes, a criar raízes e fortalecer nossos laços através de uma linguagem positiva, empática e acessível.

Portanto, devemos levar em conta que o silêncio não é um castigo positivo para qualquer criança. Qualquer irregularidade, travessura ou desobediência não pode ser resolvida através do silêncio ou deixá-la de castigo na solidão do seu quarto. Com isso, o que estamos fazendo é alimentar a raiva da criança. Nestes casos, a comunicação é essencial para que ela mude o seu comportamento, reconheça os erros e se desenvolva.

Vamos fazer um bom uso do silêncio. Vamos torná-lo nosso castelo da calma, onde nos reencontramos para harmonizar as emoções, acalmar a mente e encontrar a melhor resposta; a palavra mais bonita para aquele determinado momento.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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