Além do amor, só o amor

Imagem de capa: Hrecheniuk Oleksii, Shutterstock

Amar-se em plenitude é um aprendizado constante. Largar mão da crítica exacerbada sobre nós mesmos torna a vida mais divertida. Não que seja garantia de não mais sofrer, mas é uma boa forma de aprender um jeito novo de se perceber. E de permitir que o outro nos perceba.
Existe uma coisa muito importante chamada espelho, mas ainda mais fundamental é a forma como ele reflete a nossa imagem. Nem sempre somos o que enxergamos, você concorda? Vez ou outra é preciso mudar o ângulo para que a curva mais bonita do nosso sorriso volte a aparecer.

Quando conseguimos abraçar a nós mesmos, e deveríamos fazer isso o tempo inteiro, o abraço no outro é mais bonito. Abraçar inteiro é maior do que abraçar metade, sabe?

Impossível que a entrega para o outro seja plena sem que o nosso amor esteja em dia.

Para colocar o nosso amor em dia, e também deveríamos fazer isso o tempo inteiro, não é necessário que aconteçam grandes feitos, mas pequenas delicadezas que nos arrancam o riso.

Você ainda lembra as coisas que lhe arrancam o riso? Ou deixou que ficassem no armário do passado? Alegrias com cheiro de naftalina? Eu odeio cheiro de naftalina.

O amor é feito de pequenas alegrias. O próprio nem se fala. Você pode fazer a viagem mais cara do mundo e postar todas as fotos no Facebook, ganhar mais de mil curtidas e comentários. Nada será mais grandioso do que os pequenos sorrisos que você deu e não teve tempo de fotografar.

Amar-se de todas as formas para amar o outro sem culpa. É amando-me que aprendo a amar. É respeitando minhas vontades, meus sonhos e minhas falhas, principalmente as minhas falhas, que consigo ser melhor todos os dias.

Se conheço minhas qualidades ao ponto de usá-las para o bem comum, meu amigo, é porque estou realmente de bem comigo. E, vamos mais longe, se reconheço meus erros o suficiente para não repeti-los, querido companheiro, é porque entendi o sentido da vida.

O amor que reflete no espelho é o mesmo que damos ao próximo. Se eu me quero pouco, como poderei querer o outro? Posso amar alguém sem sentir amor por mim?

A resposta é não.

Talvez você ache que sim, mas não estará amando o outro como ele merece. Quem caminha ao seu lado só vai ter o que você possui de melhor quando esse melhor fizer parte da sua vida.

Se não for assim, – e a vida nos mostra isso todos os dias -, vamos colocar no outro a responsabilidade de um tipo de amor que só a gente pode oferecer. E o cara que está ali para seguir de mãos dadas contigo vai ter que lhe carregar no colo.

E carregar no colo vez ou outra é romântico, mas todos os dias acaba sendo desleal para aquele que suporta o seu e o peso do outro.

As costas irão reclamar e os pés não conseguirão terminar o trajeto. E você pode ficar no meio do percurso, sem identidade, sem direção, pois esqueceu no outro aquilo que sempre foi sua obrigação: amar-se.

Só vou receber o amor do outro com plenitude se esse amor não precisar salvar a minha vida. Quero do outro a oportunidade de amá-lo sem exigir dele que milagres aconteçam. Afinal de contas, o amor já é um milagre por si só.

Quero me amar para estar pronta para amar quem me chegar. Quero amar direitinho quem sou para que o outro me ame sem medo de qualquer peso, além do peso da minha cabeça em seu ombro. Quero um par que se ame a ponto de iluminar minha vida. E que use todo o nosso amor junto como garantia.

É dessa forma que vamos dividir amor. Sem implorar, sem mendigar, sem precisar de nada além de amor.



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Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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