Reciprocidade, mais do que receber de volta, é receber o que merecemos

Imagem de capa: Pitiya Phinjongsakundit, Shutterstock

Se o que nos dispusermos a ofertar for amor de verdade, transparência, carinho, sorrisos e inteireza, nada do que andar na contramão de nossa doação afetiva poderá ser aceito de volta.

Muito se diz, hoje em dia, sobra a necessidade de mantermos junto a nós quem corresponde, quem devolve o que damos, o que lançamos, o que somos. Quem entende e pratica a reciprocidade. Mais do que isso, no entanto, é necessário que tenhamos clareza quanto àquilo tudo que queremos e merecemos receber, ou poderemos ficar do lado errado da balança.

Se o que nos dispusermos a ofertar for amor de verdade, transparência, carinho, sorrisos e inteireza, nada do que andar na contramão de nossa doação afetiva poderá ser aceito de volta. Não podemos nos contentar com retornos frios, vazios, dissimulados, sem verdade, sem vontade, sem prazer. Nada do que não for correspondido carregará carga de sentimentos afetivos que nos bastem, que nos sosseguem os sentimentos.

Muitas pessoas acham que mandar um simples oi pelo celular, trabalhar e vir para casa, dormir na mesma cama e prover o lar economicamente são comportamentos suficientes para manter vivo um relacionamento a dois. Apegam-se às aparências e às necessidades tão somente materiais, esquecendo-se de que somos muito mais do que isso tudo. Temos um mundo a ser preenchido também dentro de cada um de nós.

E, caso aceitemos com resignação silenciosa as esmolas alheias, passando por cima das carências sentimentais que abriga a nossa essência, estaremos fugindo cada vez mais às reais possibilidades de podermos nos sentir completos, felizes e realizados. Estaremos cada vez mais vazios de sonhos e de esperanças, de amor e de essência humana, pois teremos, a pouco e pouco, desistido de lutar pela completude que caracteriza o estar junto, com ida, volta, reviravoltas, lá e cá, dentro e fora.

Ninguém, mais do que nós mesmos, sabe com precisão o que somos, o que queremos, quais são as nossas necessidades, nossos sonhos, nossas escuridões. Certamente, não conseguimos nos enganar, mesmo que queiramos, tampouco poderemos nos sentir confortáveis tentando nos conformar com uma vida em que tudo sai da gente, mas nada nos chega inteiro, nada nos retorna completo, nem ninguém nos devolve verdades.

Não desistamos, pois, de nos entregar de forma total, por conta dos ecos vazios que tentarão nos empurrar de volta. Continuemos firmes em nossas verdades, para que repousemos nossa essência junto a quem há de nos receber com o abraço apertado de uma alma iluminada, mesmo que demore, pois é isso, nada menos do que isso, o que merecemos.

*O título deste artigo baseia-se em citação de Mayckon San.



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"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

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