Acabei com meu vício em você.

Vi um post no facebook que me fez pensar em você. Minha reação instantânea foi a de te marcar e colocar umas risadinhas ao lado do seu nome, quando lembrei que não podia mais te marcar em nada, com risadinha ou sem.

Não somos amigos. Nem conseguiríamos ser.

Aliás talvez você até conseguisse, afinal a indiferença sempre foi um grande talento seu. Porém eu não conseguia ficar tranquila nem quando você puxava um papo aleatório qualquer comigo. Até o ato mais casual tinha força para afetar o meu dia.

Vi aquela escova de dentes que era nova. Te emprestei um dia e ela virou sua, assim como eu, ela estava contaminada de você, como a toalha azul escura e todo o ambiente ao redor.

No jogo dos términos não me sinto vencedora, apenas sobrevivente.

Dizem que sou sortuda, que saí de uma fria, que você que me perdeu, que é imaturo e não sabe reconhecer algo bom quando tem. A única afirmação que concordo é que você me perdeu, até porque nunca te tive para poder te perder para início de conversa.

Eu era sua desde o começo.

Vejo uma foto daquele filme novo do Woody Allen, que você nem sabia quem era até eu te mostrar a lista de filmes dele. Lembro de nós e dos meus amigos assistindo ao filme juntos. Lembro deles aliás nos jantares que fizemos, nos churrascos, baladas e reuniões em casa.

Eles estiveram lá na primeira, na segunda e agora na terceira vez que não deu certo.

Meus amigos me levaram para uma mesa de bar a fim de discutir sobre a vida e relacionamentos. Me levaram para as baladas e tentamos, com sucesso, chegar em casa vivos depois de toda a bebedeira.

No post que queria ter te marcado, marquei eles. A escova de dentes que era sua, joguei fora e comprei outras, para quando os amigos dormirem lá em casa e precisarem de uma escova nova. Os filmes de terror? Meu melhor amigo vai assistir comigo. As mensagens aleatórias quaisquer, uma amiga que as irá receber.

Aos poucos todas as lembranças não estarão mais infectadas de você, mas curada com outras pessoas.

E assim, aos poucos serei de todo mundo. E de todo o mundo, serei, de fato, minha.



LIVRO NOVO



Tem 23 anos, é advogada e aprendiz de escritora. Viciada em séries, viagens e desventuras amorosas. Gosta de desabafos de bar, cantar "Evidências" no karaokê e misturar abusivamente Netflix com pipoca. Contribui para a sustentabilidade reciclando experiências em forma de textos e, quando indagada se deve ou não publicar uma crônica reflete: o que Taylor Swift faria?"

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