Quem te deu essa intimidade?

Por Giseli Rodrigues

Depois de um tempo, com a afinidade e convivência, vem a tão falada intimidade. É bom ser o que é. Sem teatro, sem medo, sem frescuras. Compartilhar, conversar, falar o que lhe agrada ou não com todas as letras. E, sinceramente, avaliando sob este aspecto, não posso concordar que a intimidade seja algo ruim.

Quando se trata de um relacionamento amoroso, se não nos sentimos seguros, seja para pedir ajuda, manifestar uma opinião, compartilhar um segredo ou, simplesmente, contar as coisas do dia a dia, da TPM a um problema familiar, não há intimidade. E, desconfio, nem relacionamento.

A intimidade é, inclusive, um dos maiores estimulantes para a vida sexual. Intimidade essa que alguns casais conseguem imediatamente, outros não conseguem nunca, mas a maioria consegue com o dia a dia, a convivência e o passar dos anos. Porque não faz sentido, nem deve ter muita graça, dividir a cama com alguém com quem não nos sentimos à vontade.

Para tornar-se íntimo é preciso muito mais do que desejo ou paixão, é preciso coragem. Admitir fraquezas, se expor, manifestar os sentimentos e permitir que alguém nos conheça, quando o mundo insiste em dizer que devemos nos fechar em nós mesmos e não revelar nossos sentimentos para ninguém, é um ato de coragem. Intimidade é vínculo. E criar vínculo exige tempo, paciência, convivência e amor.

É compreensível que muitas pessoas temam a intimidade. Ela desnuda a alma. Os que nos são íntimos entendem nossa expressão facial, questionam a testa franzida, sabem o que nos arranca suspiros e gargalhadas ou o que nos debulha em lágrimas. Porque os íntimos nos conhecem.

A intimidade permite que, diante do outro, sejamos o que somos. E nada mais. Recitamos poesia e usamos termos chulos. Ouvimos música clássica e não escondemos a paixão por letras bregas. Lemos José Saramago e revista Caras. Usamos salto alto e sandálias havaianas. Comemos em restaurante chique e nos atracamos com um Big Mac sem culpa.

Portanto, quando julgar que vale a pena, dê intimidade. Se o relacionamento não resistir ao pijama, ao dia a dia, as manias e esquisitices que só aqueles que têm intimidade conhecem, esse amor não nasceu para durar. O amor precisa ser parceiro, amigo, simples e respeitar o outro como ele é.

O amor precisa dessa intimidade toda.

Fonte: Amor Crônico



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Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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