Há uma luz no “chá de sumiço”

Por Isabela NicastroSem Travas na Língua

Você conhece uma pessoa legal. Vocês saem algumas vezes, se envolvem e, de repente, como num passe de mágica, a pessoa desaparece. Os encontros cessam, as mensagens ficam sem resposta e a sua linda cabecinha fica mais perdida do que cego em tiroteio. Não só a cabeça. O coração está em uma constante busca de explicações. O que de fato aconteceu? O que você pode ter feito para que tudo acabasse assim?

Eu sei, você não estava com intenção de se envolver. Eram só alguns encontros casuais, sem compromisso. Mas ele estava tão disposto que você cedeu um pouco a desconfiança. Afinal, poderia ser diferente. Ele poderia ser um cara legal e vocês poderiam viver uma linda história, mesmo que ela não fosse eterna. E tudo parecia tão bem, não é? Ele falava o tempo todo o quanto sentia saudades suas. O quanto gostava do seu jeito despojado e do seu cabelo cacheado. O quanto era bom estar ao seu lado e como ele se sentia bem com isso.

Aí, de repente, como diz minha mãe, anoiteceu, mas não amanheceu. Ele tomou chá de sumiço, enquanto você ficou aí, angustiada com tantas questões a definir. Sinto te dizer, mas são apenas hipóteses, jamais conclusões. A pessoa que poderia lhe dar essas respostas, por alguma razão, desapareceu, sem ao menos dizer adeus. Não cabe a você deduzir os reais motivos. Na maioria das vezes, eles não têm nada a ver com as suas atitudes em si. Afinal, você estava ali, disposta a continuar os encontros e a retribuir todo o carinho e atenção.

A atitude do outro é apenas a atitude do outro. Mesmo que ela se refira a você, a responsabilidade pela ação da outra pessoa é essencialmente dela. É angustiante mesmo não ter respostas, eu sei. Ficar no vácuo não é legal. Mas, olha só, não tem mais nada que você possa fazer. Você tentou de todas as formas. Deu espaço para que ele se abrisse e, definitivamente, se ele quisesse, ele teria feito isso. Teria te dado as explicações que você tanto busca, mas, infelizmente, ele preferiu sair de fininho, como se devesse ou escondesse algo.

Pensando bem, talvez ele devesse sim. Devesse respeito a alguém que dedicou falsos discursos e a quem ludibriou sentimentos. Devesse ao menos um “tchau, estou partindo”. Mas ele preferiu sair devendo e fim. É a dura realidade.

Quanto a você, bingo! Achou o que tanto procurava. O próprio sumiço dele é a resposta que você tanto espera. Alguém que sai de fininho não merece holofotes no seu coração. Quem prefere o sumiço, também merece o esquecimento. Por isso, segue o seu rumo em paz, porque a sua caminhada não tem nada às escuras. Você honra com as suas atitudes e jamais sai de fininho por aí. Deixa marcas e as justifica quando pretende retirá-las. O seu caminho é claro, menina.

Via  Sem Travas na Língua



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Capricorniana, 23 anos, jornalista. Apaixonada por mar, cães e cafés da tarde em família. Não dispenso bacon e muito menos uma boa história. Meu coração é intenso e grita mais do que a razão. Tenho o sentimento como guia e a escrita como ferramenta.

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