Da vida quero o melhor

Houve um tempo em minha vida que eu não sabia desejar.

Desejava pouco, não me achava à altura de receber tanto, e não estava pronta para querer o melhor.

O algodão doce, com aquela textura que desmancha na boca e enche os olhos, não era pra mim. Preferia brincar de riscar o chão com o palito que sobrava a me lambuzar com o açúcar colorido daquela nuvem açucarada.

Imaginava que podia ser feliz sem desejar muito. É certo que podia, mas será que lá no fundo eu não tinha medo de ser feliz por completo?

O medo de desejar e não conseguir, a dúvida de correr o risco de me frustrar e a pequena estima que eu tinha por mim mesma me isolavam de tudo de bom que a vida me reservava.

Mas a vida me surpreendeu, e me deu de presente o algodão doce inteiro, gigante, colorido e muito açucarado.

Aprendi a aceitar os presentes da vida. Aprendi a permitir que a doçura me encontrasse e saciasse meu paladar. Aprendi a não recusar o melhor que pode me acontecer, e finalmente entendi que mereço boas surpresas sem me sentir endividada.

A auto sabotagem é muito perigosa. Diferente da humildade, que aceita e agradece, a auto sabotagem é orgulhosa, afasta as boas surpresas e se presenteia com avareza. Aceita farelos, recusando a fatia inteira por não ter aprendido a reconhecer-se merecedor.

Quero mais nuvens de algodão em minha vida. Quero pedaços inteiros derretendo em minha boca e sujando meus dedos. Quero açúcar colorido borrando meus dentes e enfeitando minha língua. Já não me contento em riscar o chão usando o palito do algodão doce que não provei.

Que você deseje o melhor da vida e descubra que não há mal nenhum em aceitar a felicidade inteira, doce, completa.

Que você recuse o café morno, o vinho insosso, o leite rançoso.

E perceba que merece o dia que começa com um bule cheio de café quentinho, xícara de porcelana, beijo de bom dia, pãozinho da padaria, roupa que serve, sapato que não aperta, cabelo que coopera.

E, enfim, que reconheça que não há mal nenhum em desejar o melhor da vida a si mesmo.

A vida _ e os algodões doces _ agradecem…

 

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Fabíola Simões é dentista, mãe, influenciadora digital, youtuber e escritora – não necessariamente nessa ordem. Tem 4 livros publicados; um canal no Youtube onde dá dicas de filmes, séries e livros; e esse site, onde, juntamente com outros colunistas, publica textos semanalmente. Casada e mãe de um adolescente, trabalha há mais de 20 anos como Endodontista num Centro de Saúde em Campinas e, nas horas vagas, gosta de maratonar séries (Sex and the City, Gilmore Girls e The Office estão entre suas preferidas); beber vinho tinto; ler um bom livro e estar entre as pessoas que ama.

2 COMENTÁRIOS

  1. Isso mesmo, é preciso que desejemos muitas coisas boas para nós, parece que devemos desejar só para o outro, como se o que eu desejo para mim é errado e pecaminoso, lendo esse texto maravilhoso, me fez retomar uma fase da vida que eu me auto sabotava e não achava merecedora de nada bom que estava acontecendo comigo!
    Parabéns pela página e lindas palavras, que nos faz refletir e contribui muito para o nosso melhoramento pessoal!
    #AcaboudeGanharumaLeitoraAssídua

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