Eu gosto de gente doida

Eu gosto de gente doida.

Gente que coloca cor na vida, que fala demais, que tem ideias próprias e impróprias, que perde o senso e os limites do politicamente correto e do permitido. Que fala alto, que ri alto, que vive alto. Que canta, mesmo desafinando. Que dança, mesmo descompassando. Que é bobo alegre e feliz por nada. E quando triste, sabe fazer piada.

Gosto de gente que não fere ninguém, assim diretamente, às vezes só com as indiretas.

Pessoas doidas e livres, que são o que são. Que têm a liberdade de não enxergar os seus excessos. Que não se podam. Que têm opinião sobre tudo e que são donas de suas verdade – apesar de sabe-las efêmeras. Seus mundos são fantasias concretas. E tão estáveis quanto uma nuvem.

Perdem horas palestrando sobre seus universos e vivem neles diariamente. Não querem sair, querem que as pessoas entrem.

Gosto de gente doida, que se diferencia, e que por isso inspira.

Gente que escancara as portas do peito e deixa a vida entrar.

Gente que se move, que discorda, que sofre, que não se entrega, que não sabe voltar a ser o que era, se é que já foi, algum dia, outra coisa além de doida.

Gente que tem personalidade, tanta, que vira história, que vira referência, que vira centro das atenções e nem precisa subir num palco. Gente que vira assunto naqueles momentos chatos.

Gosto de gente forte na doidice. Gente assumida! Que saiu do armário ainda criança.
Eu sigo essa gente, eu rio com essa gente, eu choro com essa gente, eu me encontro nessa gente.

Eu fico hipnotizada com os doidinhos que equilibram a falta de sensatez do mundo.



LIVRO NOVO



Clara Baccarin escreve poemas, prosas, letras de música, pensamentos e listas de supermercado. Apaixonada por arte, viagens e natureza, já morou em 3 países, hoje mora num pedaço de mato. Já foi professora, baby-sitter, garçonete, secretária, empresária... Hoje não desgruda mais das letras que são sua sina desde quando se conhece por gente. Formada em Letras, com mestrado em Estudos Literários, tem três livros publicados: o romance ‘Castelos Tropicais’, a coletânea de poemas ‘Instruções para Lavar a Alma’, e o livro de crônicas ‘Vibração e Descompasso’. Além disso, 13 de seus poemas foram musicados e estão no CD – ‘Lavar a Alma’.

2 COMENTÁRIOS

  1. Não pude permitir “que minha pessoa livre” aparecesse muito. O caminho foi de forte realidade desde +- 4 anos.Mas, volta e meia , deixava que ela surgisse.Agora, atualmente, com o nascimento da minha netinha, eu a tenho libertado ! E aí, posso cantar, dançar, rir +.Pessoas da minha idade não secomportam assim.Na verdade, eu sentia alegria (sinto) gratuitamente: afinal, eu gosto da vida. Tem motivo melhor do esse??? Eeeeeeh!!!!!!!!!!!!!

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